Deixar doer na gente aquilo que dói no outro.
- Maria Carolina
- 25 de jun. de 2024
- 1 min de leitura
Sobre a pergunta: o que é ser um corpo auxiliar na clínica?
Deixar doer na gente aquilo que está doendo no outro. Sentir junto. Isso já é muita coisa.
Presença não necessariamente significa falar ou fazer um monte de coisas. Calar e silenciar também é estar junto. Às vezes, ao ser um corpo auxiliar, não está sendo pedido para que se construa um grande diálogo, uma grande conversa. Não se pede elaborações. Não se pede perguntas. Não se pede amenização. Apenas viver junto.
Culturalmente, ao ver o outro no sofrimento, prontamente nos colocamos na tentativa de fazer parar a dor do outro. Não fica assim. Não chore. Vai passar. Não sabemos lidar com a nossa própria dor, nem com a dor do outro que sofre.
Em sessão, o consulente começa a chorar. Logo oferecemos o lencinho que está ao lado na mesinha. Não suportamos o sofrimento.
É um grande desafio ser corpo auxiliar que sente a dor junto. Que deixa doer junto. Parece pouco, como se não estivéssemos fazendo nada a respeito. Mas é um tanto...
O quanto você está disposto a sofrer junto a dor do outro?
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