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Cavucar conteúdos aleatoriamente não é fazer clínica.

Sabe aquela sessão em que o consulente não tem muito o que compartilhar?



Em que o consulente traz frases como "nossa, nem sei o que falar hoje!".


No início, quando comecei a atender, ao ouvir essa frase logo me batia um desespero, acreditando então que eu deveria caçar assuntos para discutir em sessão.


Acontece que essa atitude desesperada, além de tirar a responsabilidade do consulente, também denuncia uma clínica aleatória e alheia.


Aleatória por não entender ou não ter a sensibilidade que assuntos não se forçam. Qual o contexto? Um movimento de caçar qualquer conteúdo, seja ele qual for, que provavelmente não fará nenhum sentido naquele momento


"Bom, então vamos falar do seu casamento...". Mas, da onde tirou que a pauta deveria ser essa? Naquele momento estava pedindo pra ser falado e discutido a temática do casamento? Ou do pai que morreu? Ou do trabalho? Ou da infância?


E o consulente que chega acreditando que é papel do terapeuta escarafunchar suas dores e buscar as pautas daquela sessão. E cadê o compromisso? Cadê a responsabilidade de lançar você mesmo as suas dores, incômodos e desconfortos?


A busca e o mergulho nas coisas se faz na relação.

Não existe uma função individual nesse espaço, mas sim funções compartilhadas e cocriadas.


É por isso que psicoterapia não é só conversar. Não é bater papo. Não se escolhe do nada (principalmente o terapeuta) qual vai ser a prosa do dia.


De fato, em sessões algumas temáticas serão escolhidas para serem discutidas, mas é uma escolha do consulente, em que com o apoio do terapeuta, detalhes e nuances vão sendo colocadas à luz, muitas vezes fazendo correlação com outros assuntos. Mas, veja, não é do nada. Tem um movimento ali primeiro, de implicação do consulente daquilo que está ressoando nele, e que precisa ser compartilhado.


Ora, se você não sabe o que dizer, então o que te fez, ainda assim, vir ocupar este lugar?

 
 
 

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